Nos últimos anos, das muitas pessoas que se batizam, poucas permanecem na igreja. O que falha? Podem existir várias outras razões, mas algumas das principais, são:
Falta de acolhimento
Um dia antes de escrever este capítulo estive em conversa com um irmão muito querido. Ele contou-me sobre uma fase muito difícil que passou quando mudou de residência. Como não mais podia frequentar a sua igreja habitual devido a distância, passou a frequentar os cultos na IASD mais próxima da sua nova moradia e, segundo ele, o cenário que achou lá deixou-lhe deprimido. A igreja não lhe foi acolhedora, e o cenário veio a piorar quando foi roubado uma motorizada no início da quarentena devido a Covid-19. Ele confessou que esteve muito próximo de esgotar a pequena fé que lhe havia sobrado, mas graças a Deus ele superou essa fase. Ele é adventista do sétimo dia desde o berço, filho de pastor. Imagina se ele fosse um membro recém-convertido!
De facto, um sermão pode ser tremendo, os hinos podem ser arrebatadores, mas um bom acolhimento é memorável. Imagina um cenário em que você é convidado a uma igreja, você é novo, mas parece que ninguém se importa com a sua presença. Não que você esteja em busca de notoriedade, mas inevitavelmente esse detalhe fica registado na mente.
Quando você entra num lugar onde só conhece quem lhe convidou, e ninguém mais lhe dá atenção além dele, você não se sente conectado nem comprometido com aquele povo. Ao passo que quando é recebido como alguém especial, bem-vindo, e as pessoas se dirigem a si com simpatia, aquele momento fica profundamente gravado na sua memória e um compromisso com aquelas pessoas é gerado. Quando for convidado novamente para o mesmo local, as boas memórias e o compromisso afectivo com elas, motivam-lhe a ir novamente. Mas se as memórias do contacto passado forem pobres e desinteressantes, você será potencialmente tentado a inventar alguma desculpa para não ir outra vez. Isso porque quando convidados para lugares assim, precisamos de muita coragem para irmos. “Será que todos os olhares virão sobre mim, quando eu chegar no local?” – indagamos muito inseguros. Ao lá chegarmos, o carinho, o apreço e a gentileza daquelas pessoas, abafam toda a nossa insegurança e produz um clima que nos une à elas de tal maneira que até nos sentimos em casa. Por outro lado, se não recebemos tal bálsamo afectivo, aquele ambiente nos será pesado desde o princípio até ao fim. Muitas pessoas não se sentem acolhidas nem amadas nas suas próprias famílias, e quando encontram uma igreja acolhedora que as ama, em cooperação com o poder do sermão e do Espírito Santo, elas encontram naquela igreja um verdadeiro lar, um hospital e oásis para a alma. Como igreja não precisamos fingir simpatia, ou inventar uma hospitalidade artificial, por questões de técnica ou conviniência. Precisamos apenas de voltar às nossas origens, permitindo que o Senhor desenvolva esses dons em nós. Cristianismo é isso. Por tanto, após o batismo dos alunos do evangelismo virtual o acolhimento deve lhes ser garantido.
Falta de integração nos ministérios e na dinâmica da igreja
O irmão que mencionei no princípio deste capítulo contou-me que após superar a sua fase difícil, no ano seguinte, foi escolhido como ancião daquela mesma igreja. Contudo, quando se recordou da experiência dos seus primeiros meses naquele lugar, tomou uma providência para evitar que outras pessoas passassem pela mesma situação que ele. Criou um programa pessoal de visitação aos membros da igreja. Ele trabalhou como ancião por dois anos e, quando eleito novamente para o mesmo cargo, pela terceira vez consecutiva, ele se recusou. Segundo ele, é importante que os cargos da igreja não sejam ocupados pelas mesmas pessoas todos os anos, impossibilitando que outros membros da igreja pratiquem os seus dons ministeriais. Bom, não pretendo trazer à discussão se ele agiu correctamente ou não, ao recusar o ancionato, o meu foco é o cenário que inspirou a sua atitude. Realmente, os novos membros, mesmo que sejam bem acolhidos, eles devem ser integrados nos trabalhos eclesiásticos. Ter oportunidade de servir na igreja produz a convicção de que você não está ali de passagem. Além disso, com a integração os dons espirituais são estimulados e desenvolvidos. Quando um converso não é integrado na dinâmica da igreja, ele estará mais integrado na dinâmica da vida lá fora, automaticamente, correndo o risco de se tornar uma preza fácil do diabo. Não é necessário que sejam encargos de muita responsabilidade, desde que seja uma actividade com a igreja (companheirismo) e em prol da igreja (utilidade e identificação com a igreja).
No planejamento de um evangelismo virtual, por tanto, é importante que se inclua o plano de integração dos novos membros nas actividades missionárias. Eles podem não possuir algum cargo na igreja onde serão batizados, isso não cabe à equipe do evangelismo virtual, mas seria de vital importância que pelo menos dentro do próprio programa de evangelismo virtual houvessem oportunidades para que estes membros desenvolvam suas capacidades e sirvam na missão. Por exemplo, eles podem ser integrados no grupo de oração, podem-se tornar guardiões, administradores, dentre outras actividades. O evangelismo virtual é um espaço infinito de oportunidades. Também é importante que haja uma interacção constante com as igrejas onde eles se batizam, para se garantir o seu bom recebimento e integração.
Falta de aprofundamento doutrinário
Geralmente, os cursos bíblicos online não abordam todos os temas para que não se tornem enfadonhos. Mas com certeza todos os temas importantes devem ser abordados. E para que os alunos recebam as matérias doutrinárias que não constam no programa é muito bom incentivá-los a visitar uma Igreja Adventista do Sétimo Dia mais próxima, para poderem adquirir licções presenciais enquanto decorre o curso online. Se os alunos aceitarem o convite e desejarem visitar a Igreja, a equipe deve procurar entrar em contacto com aquela igreja para comunicá-la sobre os alunos e pedir que eles sejam bem recebidos e dados licções específicas em falta. Por tanto, torna-se necessário que a equipe possua um mapa que localize o máximo número de igrejas possíveis no país e os respectivos contactos dos anciãos e/ou pastores. Também pode-se criar um programa de licções mais aprofundadas para os alunos após concluírem o curso básico. Seja como for, os alunos jamais podem ser batizados com um conhecimento superficial ou incompleto das doutrinas, pois são muitos que por conta disso apostatam.