Lição 5 – Organização de Um Evangelismo Virtual (Sugestões)
Francamente, não sou especialista neste assunto, mas compartilho um pouco da experiência que adquiri durante os 8 anos na obra do Senhor através da internet. Portanto, deixo abaixo algumas sugestões daquilo que considero ser uma organização ideal para um evangelismo virtual de sucesso.
- Criação de um grupo de oração
Pelo motivo já explicado, este é o primeiro passo a ser tomado na planificação e organização de um evangelismo virtual.
- Estabelecimento de guardiões
Como falei no início, já trabalhei com estudos por correspondência. Eu deixava um folheto com o aluno que continha questões e alguns textos bíblicos, nos quais ele podia achar as respectivas respostas e um espaço aonde ele deveria anotar as respostas. No dia combinado eu passava por lá e o aluno tirava as suas dúvidas presencialmente. Após uma breve conversa e esclarecimentos, eu levava o folheto já resolvido e deixava com ele o da lição seguinte. Assim sucessivamente. Mas várias vezes me decepcionei ao chegar lá e o aluno me dizer que não havia tido tempo para ler e resolver as questões. Sabia eu que o problema não era realmente a falta de tempo, e sim o esquecimento. Nós, como instrutores bíblicos, nos lembramos de todos os nossos alunos e do nosso compromisso com eles, porque nós é que fomos bater na porta da sua casa. Porém, os alunos, uma vez que andam muito atarefados, esquecem-se completamente da lição deixada pelo instrutor bíblico, e mesmo nas suas horas vagas mergulham em outras tarefas, como as redes sociais, por exemplo. Não que eles não tenham interesse em resolver a lição, simplesmente se esquecem, e muitas vezes só se recordam quando vêem o instructor no dia combinado em frente da porta da sua casa. “Ops!”Ora, se no evangelismo que permite contato físico é assim, imagina o virtual – em que se lida com pessoas desconhecidas e, às vezes, de outras cidades, outros estados, países ou continentes. Isso força que sejam selecionadas pessoas consagradas ao Senhor (guardiões), que amam a missão de compartilhar a Palavra de Deus, e que usam a internet, que possam auxiliar aos alunos. Quando os alunos demoram a responder as lições ou apresentam uma participação fraca, os guardiões entram em cena. Eles saúdam os seus alunos, respeitosa e amigavelmente, procurando saber se eles estariam com alguma dúvida ou necessitando de uma ajuda. Os guardiões se tornam amigos muito achegados dos alunos e confiados por eles. Quando isso acontece, raramente os alunos se distraem, pelo contrário, eles se sentem importantes, amados e motivados para prosseguir. Para ser bem-sucedido, o guardião deve observar os seguintes pontos:
- Ele não precisa enviar mensagens para o aluno a todo o momento. O aluno deve se sentir incentivado e não oprimido. O guardião deve gerir muito sabiamente a interação. Desenvolver, em oração e consagração, a capacidade de perceber o ânimo e o desânimo do aluno. Ser sempre calmo, gentil e paciente, com uma abordagem certa, na hora certa e do jeito certo. Pois, visto que as mensagens enviadas por meios tecnológicos não revelam claramente as nossas reais emoções, é possível ser mal-interpretado pelo receptor.
- Não é preciso que o aluno esteja online para conversar. O aluno pode enviar a sua dúvida, por exemplo, pela manhã, e algumas horas depois o guardião responder. Porém, o guardião não pode ficar sem responder por mais de 24 horas, pois o aluno pode estar necessitando de uma ajuda urgente para responder o questionário da lição. De vez em quando, sempre que for possível, eles poderão interagir em tempo real. Mas não por muito tempo. Não incentivamos as pessoas a permanecerem por muito tempo nas redes sociais, e além disso, cada um tem outras tarefas.
- O guardião não pode ficar mandando conteúdos extras, sejam meditações ou de quaisquer outras matérias, para o seu aluno, além das lições bíblicas planificadas para o seu curso. Só se o aluno apresentar alguma dúvida durante as lições e houver necessidade de compartilhar com ele algum material que o ajude a compreender o assunto; ou se o aluno pedir algum material específico. Mas que seja somente isso, e mais nada, porque, como já fiz referência, muitos deles não suportam ficar recebendo conteúdos enfadonhos. Isso atrapalharia o seu desempenho nas lições planejadas.
- Geralmente, o que as pessoas postam nas redes sociais diz muito sobre elas. É claro que nem sempre. Se o aluno perceber, porém, que o seu guardião mistura conteúdos espirituais com postagens biblicamente incovinientes, provavelmente será levado a achar que os membros da Igreja Adventista, em geral, são de vida dupla. Embora isso seja uma questão particular do seu guardião, pode ser que o aluno não consiga fazer diferenciação, e a mensagem ficará comprometida. Existem pessoas que mesmo não conhecendo a Bíblia como os adventistas, são consagradas a Deus e muito sérias na rejeição de coisas inadequadas, de acordo com a luz que tiveram. Imagina verem o status do seu guardião exaltando coisas que até eles compreendem que são incovenientes para cristãos. Por tanto, os guardiões devem ter muito cuidado com o que postam. Não incentivamos falsidade de carácter, pelo contrário, incentivamos que todos nós busquemos ser verdadeiramente santificados aos pés de Cristo, para que assim jamais precisemos apresentar caráter falso diante das pessoas ou nas redes sociais. É possível ser verdadeiro embora falho. É uma questão de escolha.
- Agentes de recepção
É muito importante que haja alguém responsável pela recepção dos novos candidatos. Para o caso de uma organização de nível mundial, é mais viável que cada país tenha alguém responsável por esta função. Os contatos de novos interessados vêm de todos os lados, estas pessoas interessadas foram convidadas a participar, mas não sabem ainda como o curso funciona. Por tanto, o agente de recepção tem a nobre responsabilidade de saudar o interessado, saber de onde fala, explicar claramente como os cursos funcionam, apresentar os cursos disponíveis (por exemplo, Apocalipse, Descobertas Bíblicas, etc), perguntar qual deles deseja fazer e de que forma (em texto virtual, através de um manual virtual, em áudio, ou vídeo); e, depois disso, apresentar este aluno a um guardião. Inclusive os que se cadastram automaticamente no site – se houver esse mecanismo – devem ter um guardião, com quem estarão em interação através do WhatsApp ou e-mail. Quando estes se cadastrarem no site, os agentes de recepção devem receber os seus dados de cadastro (nome, email ou número do celular, país), e logo entrarem em contato com eles. Os alunos devem ser distribuídos igualmente por cada guardião. A organização deve ser feita de tal forma que nenhum guardião fique sobrecarregado, nem precise entrar muito nas redes sociais. Quanto maior for o número de guardiões, menor carga cada um terá.
Para melhor controle na distribuição de alunos por guardião, o agente de recepção deve ter um cadastro de guardiões em obra, que trabalham diretamente com ele, e o número de alunos que cada guardião possui. Cada nome dos novos alunos que chegam deve ser cadastrado na conta de cada guardião indicado. Os que terminam o curso devem ser retirados da lista. Se o número de novos interessados for cada vez maior, e sufocar os agentes de recepção, cada país poderá estabelecer mais de um agente, cada um trabalhando com seu grupo de alunos e guardiões. Todos os agentes de recepção, porém, devem apresentar os relatórios à direção global, os quais, por sua vez, coletarão todos os resultados vindos de todos os lados do mundo e os lançarão publicamente para que todos os membros acompanhem os frutos do seu trabalho.
- Grupo de monitoramento dos alunos
Mesmo que alguns alunos se inscrevam a partir do site ou do e-mail, é importante que estes e todos os demais sejam integrados num grupo do WhatsApp, por ser uma plataforma de fácil interação e mais acessível, especialmente para países onde a internet é cara. É a partir desse grupo que a equipe do evangelismo poderá monitorar os alunos e estimulá-los a estudar as lições. É prudente, porém, que as postagens nesse grupo sejam condicionadas. Os alunos não podem postar nenhum conteúdo doutrinário ou de qualquer outra espécie. Apenas podem ser permitidos e incentivados a enviar perguntas, quando estiverem enfrentando alguma dificuldade no uso das paltaformas, e também se tiverem dúvidas durante as lições. Isso é prudência. Imagine se um dia, um aluno mal-intencionado resolver postar um artigo contrário às doutrinas adventistas. Isso geraria polêmica. Por tanto, é mais seguro que os alunos apenas façam perguntas, tendo em claro que aquele grupo é uma sala de aula, e não mais um daqueles grupos de postanges aleatórias. Se um dos alunos quiser discutir algum assunto, dando suas opiniões doutrinárias, é legítimo, mas que não seja dentro do grupo para não confundir as mentes ainda frágeis.
- Criação estímulos
Nas experiências passadas, como estímulos, a nosso pedido, os alunos gravavam vídeos contando como estava sendo a sua experiência no programa, falando das lições mais interessantes, dos seus desafios, e no final dedicavam uma mensagem especial aos seus guardiões. Os guardiões também gravavam a sua mensagem. Os vídeos eram editados pela nossa equipe, unindo o vídeo do aluno com o do respectivo guardião, e regularmente publicados no grupo de monitoramento. A cada dia havia um vídeo novo. Também realizamos programas de duelos bíblicos, em formato game show, em dias específicos, no grupo de monitoramento. Os alunos respondiam questões bíblicas que eram preparadas e os vencedores eram anunciados no final. Outros métodos simples que estimulam os alunos a fazerem as lições rapidamente, são: A atualização regular e pública de uma lista que mostra o número de alunos matriculados, a estatística geral das lições feitas e o número de alunos que concluíram o curso. É também incentivador enviar capturas de tela no grupo, mostrando certificados de alunos que concluem o curso e pedir uma salva de palmas para eles. Com essa ação os alunos percebem que é possível concluir o curso e que isso é lindo. Os alunos que estiverem quase se distraindo, ao notarem que outros estão avançando, serão imediatamente incentivados a progredir também. Estes, dentre outros estímulos, criam laços de amizade e geram uma dinâmica muito interessante e inesquecível para todos os participantes, tanto para os alunos como para a equipe do evangelismo. E mesmo os que não puderam se batizar logo no final do curso, por medo ou indecisão, por conta da forte ligação estabelecida entre nós, continuam ligados a nós e abertos para aprenderem mais.
- Trabalho em colaboração com a liderança local da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Isto se torna necessário na medida em que nenhum grupo evangelístico é dissociado da Igreja. Pelo contrário, grupos evangelísticos devem (ou pelo menos deveriam) entender que são apenas uma mão ajudadora da Igreja. Por tanto, é importante que a equipe do evangelismo virtual procure ter apoio de algum pastor ou teólogo adventista do sétimo dia, por exemplo, no aconselhamento, no esclarecimento aos alunos caso apresentem dúvidas doutrinárias difíceis no grupo, e mais coisas voltadas para o domínio pastoral, doutrinário ou teológico.
- Equipe de divulgação de materiais adventistas
Nos evangelismos virtuais anteriores, também trabalhamos com a divulgação da identidade e dos materiais adventistas. Qual é o real impacto disso? Existem locais onde se você perguntar a uma pessoa, “você sabe me dizer onde fica uma Igreja Adventista do Sétimo Dia, aqui perto?”, ela dirá: “Uhm! Bom, Igreja Adventista do Sétimo Dia? Não sei. Acho que nunca ouvi falar dessa Igreja!”, mesmo morando a poucos metros de distância de uma Igreja Adventista do Sétimo Dia. Eu mesmo, conheci a IASD estando em casa, em 2011, através da TV Novo Tempo. Aceitei a mensagem adventista e entreguei o meu coração a Jesus, mas passei um ano inteiro sendo adventista diante da tela. Desejei muito viajar para o Brasil só para colocar a planta do meu pé numa Igreja Adventista do Sétimo Dia, porque nunca tinha ouvido falar desta igreja em Moçambique. Eu não sabia que ela existia no país e que estava apenas a alguns metros da minha casa. E as igrejas que surgiram há poucas décadas, muito famosas e aderidas, como fazem para serem tão facilmente conhecidas por qualquer pessoa na rua? Alguns dos fatores são: A ampla exposição dos nomes e dos materiais que identificam essas igrejas, bem como a exposição pública de como elas funcionam, através dos meios de comunicação em massa. De fato, a sociedade prefere aderir àquilo em que está familiarizada, mesmo que seja algo malfalado, a aderir ao que ainda lhe é totalmente estranho. Lembro-me de um jovem ao qual pessoalmente dei estudos bíblicos, ele estava maravilhado com as lições bíblicas e comentou com a sua mãe. A princípio, embora a mãe desconhecesse a Igreja Adventista do Sétimo Dia, não fez muito caso. Pois, para ela, ver o filho frequentando “qualquer” igreja, era melhor do que a vida de bebedisses que antes levava. Porém, uma amiga da senhora afirmou enganosamente que a IASD era uma igreja espírita e com ensinos perigosos. O filho tentou explicar que não era assim e que ele mesmo estava surpreso com mensagens tão harmônicas com a Bíblia que nunca havia ouvido. Mas a mãe impediu o filho de continuar a frequentar a igreja. O jovem, triste, pediu à igreja para que orasse a favor da sua mãe. A igreja decidiu delegar algumas irmãs adultas para visitarem a mãe do jovem. Elas foram e no final a convidaram para que fosse à igreja no Sábado seguinte. Graças a Deus a senhora aceitou o convite e, de fato, foi à igreja. Depois do culto, chegando em casa, ela disse ao filho que estava enganada a respeito da Igreja Adventista, e portanto, ele podia continuar com a sua fé livremente.
Outro exemplo, mais triste: Um dia perguntei a um jovem da igreja, 17 anos, “qual é o músico adventista que você conhece?”, ele foi franco e confessou que não conhecia nenhum se quer. Mas ele conhece o Fernandinho, a Gabriela Rocha e vários outros, e canta perfeitamente as suas músicas. Que pena! As plataformas virtuais, com a ajuda do Senhor, podem reverter essa situação. A divulgação em massa da música, da nossa literatura, dos nossos vídeos, e outros conteúdos adventistas, pode criar um impacto sem precedentes. De qualquer forma, pelo menos os alunos que participam dos cursos bíblicos virtuais conosco, mesmo que nunca venham a se batizar, reconhecem a beleza e a verdade que há nas nossas doutrinas, e já sabem claramente quem somos. Assim, mesmo que seja inacreditável, muitos deles se encarregam de divulgar o nosso nome e o evangelho que nos foi confiado, sempre que têm de opinar em meio ao debate com amigos, qual denominação mais se harmoniza com a Bíblia. Honra e glória ao nosso bom Deus! Avante, maranata!