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NÃO HÁ AMOR MAIOR

COL. JOHN W. MANSUR Extraído de The Missileer

Qualquer que fosse seu alvo inicial, os tiros de morteiros caíram em um orfanato dirigido por um
grupo missionário na pequena aldeia vietnamita. Os missionários e uma ou duas crianças morreram
imediatamente e várias outras crianças ficaram feridas, incluindo uma menininha de uns oito anos de
idade.
As pessoas da aldeia pediram ajuda médica de uma cidade vizinha que possuía contato por rádio
com as forças americanas.
Finalmente, um médico e uma enfermeira da Marinha americana chegaram em um jipe apenas com sua
maleta médica. Determinaram que a menina era a que estava mais gravemente ferida. Sem uma ação
rápida, ela morreria por causa do choque e da perda de sangue.
Uma transfusão era imprescindível e era necessário um doador com o mesmo tipo sanguíneo. Um
teste rápido revelou que nenhum dos americanos possuía o tipo correto, mas vários dos órfãos que não
haviam sido atingidos tinham.
O médico falava um pouco de vietnamita simplificado e a enfermeira possuía uma leve noção de
francês aprendido no colégio. Usando essa combinação, juntos e com muita linguagem de sinais
improvisada, eles tentaram explicar para a jovem e assustada plateia que, a não ser que pudessem
repor uma parte do sangue perdido da menina, ela com certeza morreria. Então perguntaram se alguém
estaria disposto a doar um pouco de sangue para ajudar.
Seu pedido encontrou um silêncio estupefato. Após longos momentos, uma mãozinha lenta e
hesitantemente levantou-se, abaixou-se e levantou-se novamente.
– Oh, obrigada – disse a enfermeira em francês. – Qual é o seu nome?
– Heng – veio a resposta.
Heng foi rapidamente colocado em um catre, os braços limpos com álcool e uma agulha inserida em
sua veia. Durante toda a penosa experiência, Heng permaneceu tenso e em silêncio.
Depois de algum tempo, ele soltou um soluço trêmulo, cobrindo rapidamente seu rosto com a mão
livre.
– Está doendo, Heng? – perguntou o médico.
Heng balançou a cabeça, mas, após alguns instantes, outro soluço escapou e mais uma vez ele
tentou esconder o choro. Novamente o médico perguntou se a agulha o estava machucando e novamente
Heng balançou a cabeça.
Porém agora seus soluços ocasionais haviam dado lugar a um choro constante e silencioso, seus
olhos apertados, o punho na boca para abafar seus soluços.
A equipe médica estava preocupada. Algo obviamente estava muito errado. Nesse momento, uma
enfermeira vietnamita chegou para ajudar. Vendo o sofrimento do pequeno, ela falou rapidamente com
ele em vietnamita, escutou sua resposta e respondeu-lhe com a voz reconfortante. Após um instante, o
paciente parou de chorar e olhou interrogativamente para a enfermeira vietnamita. Quando ela
assentiu, um ar de grande alívio se espalhou pelo rosto do menino.
Olhando para cima, a enfermeira contou calmamente para os americanos:
– Ele achou que estava morrendo. Entendeu errado. Achou que vocês haviam pedido que ele desse
todo o seu sangue para que a menina pudesse viver.
– Mas por que ele estaria disposto a fazer isso? – perguntou a enfermeira da Marinha.
A enfermeira vietnamita repetiu a pergunta para o menino, que respondeu simplesmente:
– Ela é minha amiga.